"Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MCs, agora também em livro
Só não vê quem não quer: "Sobrevivendo no Inferno" (1997), dos Racionais MCs, é um dos grande discos da música brasileira assim como "Chega de Saudade" (João Gilberto, 1959), "Tropicália ou Panis Et Circenses" (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Os Mutantes, Nara Leão, Tom Zé, Rogério Duprat, Capinam e Torquato Neto, 1968) e "A Tábua de Esmeralda" (Jorge Ben, 1974). É também a obra maior do rap nacional, sem polêmica – a mais relevante, divisora de águas, de maior impacto na cultura e para além dela. Seus efeitos são visíveis não é de hoje. Trata-se de um compilado de músicas que traduz a complexidade da periferia paulistana (e brasileira), um panfleto de conscientização social sem precedentes na discografia da MPB e um documento de denúncia da política do estado de extermínio da população negra.
A Companhia das Letras observa o fenômeno com a devida relevância ao lançar o livro "Sobrevivendo no Inferno", com todas as letras do álbum e mais um texto introdutório de Acauam Silvério de Oliveira, professor de literatura na Universidade de Pernambuco. Os versos que entraram pra história em músicas icônicas como "Diário de um Detento", "Negro Drama", "Capítulo 4, Versículo 3" e "Fórmula Mágica da Paz" ocupam cerca de 100 páginas da publicação, o que dá uma dimensão da potência verborrágica dos três rappers do grupo (Mano Brown, Eddy Rock e Ice Blue) neste trabalho. As narrativas constroem ambientes e situações cinematográficas, com vários personagens e roteiros sofisticados.
Boa parte dos fãs já tem cada uma dessas letras na ponta da língua. Ainda assim, é simbólico ter todo esse conteúdo reunido em um objeto literário nesse estranho momento em que discute-se escola sem partido, livros de história são questionados e professores são denunciados por abordar fascismo e nazismo em sala de aula. Após a exposição sobre os Racionais MC's no ano passado (na Red Bull Station, em São Paulo) e a inclusão do disco "Sobrevivendo no Inferno" como leitura obrigatória no vestibular da Unicamp deste ano, a publicação da Companhia das Letras é mais um evidência da consagração definitiva da obra. Era um bom livro para ter levado para a votação no último dia 28 de outubro.
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