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Uma playlist de aquecimento para os shows do jamaicano Ken Boothe em SP

Ramiro Zwetsch

12/09/2018 12h20

A árvore genealógica da música jamaicana tem vários galhos e o lendário Ken Boothe fortaleceu muitos deles. Sua trajetória começa nos anos 60 como estrela do ska ao lado do parceiro Stranger Cole, surfa a onda do rocksteady para ganhar o mundo a partir de 1967, torna-se uma das vozes mais apreciada do reggae nos anos 70 e segue firme nas décadas seguintes com todas as transformações que se sucederam na ilha musical.

Aos 70 anos, 55 de carreira e mais de 20 discos lançados, ele se apresenta em São Paulo pela primeira vez neste fim de semana – sexta e sábado no Fabrique Club, na Barra Funda, como atração da festa Jamboree. Seu único show no Brasil aconteceu em 2012, no Maranhão Roots Festival, em São Luís. Desta vez, ele canta escoltado pela banda brasileira Leões de Israel, com larga experiência em acompanhar artistas jamaicanos que vem ao país (Marcia Griffiths, Gregory Isaacs, Johnny Clarke e muitos outros). O legado de Boothe é tão grande, que ele apresentará um repertório diferente para cada show.

A Radiola Urbana entra no clima da expectativa pela estreia dessa voz jamaicana nos palcos paulistanos com a seguinte playlist comentada e elaborada com a ajuda dos especialistas Jurássico (DJ da Jamboree) e Sonia Soares (DJ da equipe Dread System, de Belém do Pará). Som na caixa!

1 – "Arte Belle"
"Essa talvez seja a música que mais tenha influenciado o produtor Coxsone Dodd a encorajar Ken Boothe a seguir carreira solo (que até então era parceiro de Stranger Cole). Esse vigoroso ska, upbeat, foi arranjado pelos Skatalites – que na época tinham como líder o lendário trombonista Don Drummond." (Jurássico)

2 – "Live Good"
"Originalmente gravada por Sir Coxsone em 1967, este rocksteady possuía cadência característica das produções do estúdio na época, com metais discretos e arranjos de órgão atmosféricos, elaborado pelo lendário Jackie Mittoo. Lançada apenas em 1970 em um disco que reunia sobras de estúdio de Ken e alguns hits, a canção foi antes refeita pela mulher pioneira nas produções musicais na Jamaica, Sonia Pottinger. Aqui, a música recebeu arranjos de metais muito mais aparentes e fortes, além de um órgão mais impactante a cargo de Leslie Butler. Já Ken Boothe, nitidamente com mais liberdade vocal, solta a voz sem nenhum apoio, em um rocksteady de letra positivista e beleza sublime." (Jurássico)

3 – "Old Fashioned Way"
"Uma produção do lendário 'dentista do gueto', responsável pelo sorriso enfeitado de Big Youth, Mr. Keith Hudson. Um reggae do início da década de 70 que dispensa muitas apresentações, esta canção forte e marcante tornou-se um hit na discografia de Ken e da formação do ritmo de Jah." (Jurássico)

4 – "Ain't no Sunshine"
"A canção de Bill Withers foi regravada em todos os cantos do mundo e na Jamaica ela foi interpretada por vários artistas. Considero essa produção de Lloyd Charmers a versão definitiva. Aliás, Lloyd aqui ainda toca piano, órgão hammond e empresta sua voz como apoio para Ken desfilar seu talento de soulman rastafari." (Jurássico)

5 – "Down by the River"
"Não são tão comunas as versões de rock and roll feitas por artistas de reggae, por isso, podemos considerar uma joia rara essa versão reggae-gospel-fuzz de Ken Boothe para o sucesso de Neil Young. Indispensável!" (Jurássico)

6 – "Just Another Girl"
"Apreciada por nós da Dread System por ser uma das primeiras canções interpretadas por ele e ter sido eternizada na versão de U-Roy, essa é clássica nos bailes de reggae no Norte e Nordeste do Brasil" (Sonia Soares)

7 – "Everything I Own"
"Música do grupo norte-americano Bread, virou hit na versão do cantor e o fez chegar ao topo das paradas em Londres na década de 70." (Sonia Soares)

8 – "Silver World"
"Essa canção é considerada por vários seletores de reggae roots no Brasil como a mais importante da carreira de Boothe." (Sonia Soares)

9 – "Black Gold and Green"
"Essa música espirituosa, que descreve a Jamaica como a terra santa e cheia de maravilhas, é música muito executada nas seleções da Dread System por concordarmos com Boothe sobre o quanto é maravilhosa o ilha do reggae." (Sonia Soares)

10 – "It's Because I'm Black"
"A regravação de Boothe para este clássico do norte-americano Syl Johnson é um dos melhores exemplos de como o reggae pode potencializar o soul norte-americano e resignificar canções conhecidas com o tempero jamaicano. A letra, como já está explícito no título, é uma contundente crítica ao racismo." (Ramiro Zwetsch)

11 – "Thinking"
"O arranjo é pura inspiração, com a voz principal impulsionada pela malemolência dos teclados e pelas harmonias dos backing vocals." (Ramiro Zwetsch)

12 – "Satisfaction"
"Essa gravação guarda um mistério: Boothe teria cantado esse clássico do rock and roll por influência dos Rolling Stones ou por conta da versão de seu ídolo Otis Redding?" (Ramiro Zwetsch)

13 – "Artibella"
"Registrada nos anos 70, essa pérola do reggae roots é uma regravação tão inspirada quanto a versão original lançada pela próprio Boothe em versão ska junto com Stranger Cole – faixa que abre o repertório desta playlist." (Ramiro Zwetsch)

Vai lá:
Jamboree Especial – Ken Boothe
Quando: 14 e 15 de setembro, às 23h
Onde: Fabrique Club – R. Barra Funda, 1071
Quanto: R$ 80,00 (segundo lote) e R$ 100,00 (terceiro lote)

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Sobre o autor

Ramiro Zwetsch é jornalista, DJ residente da festa Entrópica, sócio da Patuá Discos e criador do site Radiola Urbana. Foi editor-chefe dos programas "Manos e Minas" e "Metrópolis", repórter de música do Jornal da Tarde e colaborou para "Ilustrada", "Caderno 2", “Bravo!”, “Rolling Stone”, “Bizz”, “Carta Capital”, “Select” entre outros.

Sobre o blog

Divagações e reflexões sobre as maravilhas contemporâneas e pérolas negras da música Brasil adentro e mundo afora.

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